domingo, 18 de setembro de 2011

“Génios” prevenidos…

Avisados pela experiencia, logo acordamos um regresso mais tranquilo. Acertamos tudo com o dono dos cavalos. Antes, um banho para tirar o sal. Mudar de roupa. Fresquinhos para o way back.
José Luís sobe para o cavalo. Custou. Chega a hora da mala (o tal troley de duas rodinhas), não há como a prender. Tem de a equilibrar entre os braços. Enquanto conduz o cavalo.
Sorri. Melhor, ri. Mesmo. Eu. Falo de mim. Ri com sarcástico prazer. Zé Luís, em óbvio pânico. Subo para o meu cavalo e inicio a marcha. 30 metros depois, a prudência e o bom senso mandam desmontar. Ele, claro. Zé Luís joga sabiamente à defesa e acabou por vir a pé todo o caminho. Não vi qualquer inconveniente em continuar a cavalo. Regressamos, por isso, por percursos diferentes. Havia que cuidar dos nossos pertences.
Ainda nem me tinha acomodado ao cavalo e já subia a pique por caminhos nada recomendáveis. A chuva enlameou muitos trilhos que, já de si, são muito maus. Demasiado.
Uma inglesa obesa vai no outro cavalo. Temo mais por ela que por mim. A cada momento, um gritinho. Múltiplos. E não são de prazer. Entendo-o sempre como a sua inevitável queda. Mas vai aguentando. Até quando?
Julguei que iria gozar o passeio. Puro engano. Lutava a cada momento para evitar a queda. Os cavalos não tinham ar propriamente… consistente. O guia tinha ar de permanente embriagado. E não conseguia acalmar a jovem histérica inglesa.
Servi de moderador na tradução entre os seus diálogos. E adaptei-a de forma a que as coisas fossem o mais pacificas possível. Ele irresponsavelmente despreocupado. “Calma, niña. Tranquila”, repetiu, displicentemente, uma ou outra vez.
Quando percorríamos caminhos estreitos e à minha esquerda deixava de ver o chão enlameado para vislumbrar apenas valente precipício mal os olhinhos deixavam de ver o lombo do cavalo…. Achei melhor preocupar-me igualmente pelo meu bem estar.
Subimos. Descemos. Subimos. Descemos. Invejava já o Zé Luís quando percebi que só tinha percorrido 40 por cento do acidentado caminho.
Safo de vários riscos de queda – tal como a amiguinha inglesa – acabei por chegar a porto seguro. Agora só faltava o Zé Luís, o homem o graveto. Não demorou a juntar-se e acertamos contas.
Quando chegamos ao local onde deveríamos apanhar o autocarro interno para a entrada/saída do parque, começou a chover. Torrencialmente. Todos nos olhavam. Não pela chuva, mas pela mala. Não esquecerei várias expressões. Custou mais aqueles justificados olhares-gozo na nossa direção, do que escalar a montanha com a mala às costas. O que vale é que somos ambos óptimos a rir-nos de nós próprios.  Excelentes, diria.
A velha carripana não chega. Outros turistas com pacote pago vão embora. Vamos ficando cada vez menos. Agora apenas quatro. Protesto. Insurjo-me. Tenho sorte. Há duas vagas em carrinha de nove lugares. Directa para Santa Marta. Iupiiiii!! Por mais um euro, arranjamo-nos do interior do parque à porta do hostel. Prémio mais do que merecido.

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