quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Colômbia, porque “La vida es un ratico”

“Aprendi que um homem só tem o direito de olhar um outro de cima para baixo para ajudá-lo a levantar-se”.

Gabriel Garcia Marquez


Tinha sido avisado. Disso não me posso queixar. Por amigos que tiveram a fortuna de visitar a Colômbia. E pelo “alerta” do turismo do país: “O perigo é querer ficar”.

A vida é um “ratico”. É, também por isso, que a Colômbia deve fazer parte de uma das viagens da nossa vida. o quanto antes.
Confesso que não levei demasiadas expectativas. Como sempre, deixei-me levar. Sem ideias preconcebidas (sim, com o novo Acordo Ortográfico é assim que se escreve). Apenas com sugestões de lugares a visitar.
Na verdade, a Colômbia surpreendeu-me. E de que maneira! Poucos países, escassos lugares têm a capacidade de nos exaltar os cinco sentidos. Ao mesmo tempo, raríssimos. Pois bem, experienciei momentos de sonho. A ilusão levou-me pela mão, mostrou-me pessoas fantásticas e lugares que julguei inatingíveis.

Sobram paisagens deslumbrantes. Locais de incrível beleza. Mas foi nos colombianos que encontrei as maiores riquezas. Nunca um povo me surpreendeu e “deu” tanto.
Ao dizerem-me que a sociedade local está estratificada em seis níveis (económico-sociais), não quis acreditar. O dia a dia não mostra diferenças. Apenas sei que me abraçaram uma e outra vez com amizade desinteressada. Que senti na pele calor humano inigualável. Que experienciei respeito, altruísmo. Vi quem pouco ou nada tem dar mais do que qualquer bem material pode proporcionar. Encontrei valores humanos e sociais. Sorri com o prazer natural dos colombianos em fazer o bem. Sem nada esperar em troca. Sobrou gente boa. Sorrisos que nos preenchem o peito. Senti-me verdadeiramente em casa. Descalço. Despido
Não esquecerei rostos. Almas. Personalidades. Situações que, obviamente, não foram aqui relatadas.

Quando cigarras, trajadas em múltiplas quentes e vivas cores, desceram de árvores suspensas em magia, envolvendo-me com a sua melodia, jurava que tudo o resto não era material. Não podia ser. Mas é. Senti. Vi. Toquei. Saboreei. Toquei de novo. E outra vez. Tsh Tsh. Plim. Plão.

Deslumbrantes praias incrustadas na selva. Com branca e suave areia decorada por verdes e frondosas palmeiras. E beijada por cristalina água caliente. E um sol que não pára de nos sorrir.
Infindáveis e esbeltas montanhas. Fauna e flora diversificados. Que não param de nos surpreender. E contar histórias de um novo mundo. Um arco-íris de verdes. Impenetráveis. Mas saborosos e revigorantes. Frescos. Que ficam no palato.
Arquiteturas do impossível. E da história. O mais cativante dos estilos coloniais. O melhor de tempos difíceis. A injustiça passada transformada em beleza presente.
Gastronomia enriquecida por frutos e vegetais sem fim. De todas as cores. Para todos os sabores. E a alma que também se emprega na cozinha. E o quanto nos embriagou cada sumo de fruta até hoje desconhecidos por nós…
Invejei majestosos abutres, milhafres e águias. Por testemunharem da tribuna algo que apenas pude contemplar do alto de múltiplos teleféricos. Mas estive no solo, com os pés bem assentes no chão (será?), onde tudo acontece.

Amei. Amei. Amei.

Fui à Colômbia por amizade. Grande e infinita. Incondicional. Mas é por "Amor" que voltarei a este país. Deixou grande e vincada “huella” no meu coração.

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