segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Empatia e gratidão



S. Pedro não foi amigo. Tínhamos dois dias para ver os Nevados de Ruiz. Um dos maiores desejos desta aventura. Não foi possível. Mais um motivo para voltar à Colômbia.

De Chipre, a vista alcança toda a região. É o ponto mais alto de Manizales. O monumento aos descobridores é das mais belas, significativas e completas obras de arte que já vi.

Lentamente, vamos descendo a encosta. Em direção ao mercado. Uma arena amarela. Mistura intensa de cores e odores. Vamos para as verduras. Uma lição sobre frutos tropicais. Nova embriaguez de sumos naturais.

O destino danificou seriamente a catedral por duas vezes. Mas o mesmo destino fê-la manter-se firme. Subimos ao ponto mais alto. Algumas centenas de escadas. A vista circundante justifica plenamente o esforço.

É dia de partir. Queremos oferecer algo a quem tanto nos deu. Fazemos o que melhor sabemos, cozinhar (bom, temos outros dons, mas este é dos mais reconhecidos “internacionalmente”).

Uma mistura de mariscos. Legumes. Pasta. Sabiamente cozinhados e apresentados. Vinhos colombianos não nos convenceram totalmente. Três nações representadas no grupo de seis, entretanto sete convivas. Austrália pareceu-nos boa escolha para o tinto.

Enquanto almoçámos, novo sinal dos céus: grande tempestade reduz a zero a visibilidade do Base Camp para a parte baixa da cidade.

“Não queremos que se vão embora”, ouvimos. Mais do que uma vez. Gerentes do hostel oferecem-nos (a nós e costa-riquenhas) fruta, fios, pulseiras... E um olhar de empatia e saudade antecipada que não vamos esquecer.

“Quita-te las gafas”, diz-me carinhosamente Rosi. “Tens uns olhos e olhar bonitos. Devias experimentar usar lentes”, acrescenta. Não sabe, mas a sua doçura comoveu-me. Deste e de todos os gestos nestes escassos, mas marcantes dias. Fazem-nos prometer que voltaremos. Garantimos que nos veremos novamente.

Seguiremos para Bogotá. Oito a dez horas para cumprir menos de 300 quilómetros. A tempestade piorou ainda mais o estado da estrada que já tinha sido vítima de derrocadas nos dias anteriores.

Karla e Lethi seguem para Caldas. Há muito que ver na região.

Temos as malas prontas. Afinal, vamos ter companhia. Irmãs costa-riquenhas abdicam dos seus planos para nos acompanhar nas derradeiras horas na Colômbia.

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